REGISTRO DOS ÚLTIMOS DIAS: SUICÍDIO E OBRA
CHARLENE VERIFICOU AS BALAS NO TAMBOR DO REVÓLVER. O SEU OLHAR ERA VÍTIMA DE UMA LANGUIDEZ VAGABUNDA E SENSUAL, COM ALGO DE DESESPERO À MISTURA. EXISTIAM FORA DA LEI – ELA E SEU OLHAR... – ERA DOMINGO E CHARLENE INTERNET MATARIA O PRESIDENTE. OS PAIS DE CHARLENE ERAM JUNKIES – O PAI ESTAVA EM FRESNES NO XADREZ E A MÃE HÁ MUITO QUE SAÍRA PARA COMPRAR PÓ E NÃO VOLTARA – AOS DOZE ANOS CHARLENE ESTAVA NA RUA LUTANDO POR TERRITÓRIO. AGORA, COM DEZENOVE, PARTILHAVA UMAS ÁGUAS-FURTADAS NA GOUTE D'OR COM UMA DRAGQUEEN ARGELINA. CHARLENE VIVIA DE PEQUENOS, E COM SORTE, MÉDIOS ROUBOS, E DAS DROGAS QUE EVENTUALMENTE VENDIA. ERA DURA. COLOCOU A ARMA ABJECTA E NIQUELADA NO CÓS DAS CALÇAS E SENTIU-SE COM UM TESÃO DE DOMINGO DE PÁSCOA. DEPOIS, COM UMA GINGA ANDRÓGINA, SACUDIU A CABEÇA EM FRENTE AO ESPELHO, AS IMENSAS PESTANAS NEGRAS VELANDO O PERIGO – IMINENTE, ELA COM O OUTRO, RESOLVERA ABANDONAR A LITERATURA AOS DEZENOVE ANOS. O JOVEM ARTHUR RIMBAUD PENSOU – JE EST UN AUTRE – DERVIXE, DANÇOU NA LUZ. OLHOU COM TERNURA O RAPAZ DEITADO DE BRUÇOS NA CAMA, AS COSTAS COBERTAS DE CICATRIZES, A.R AMOU-LHAS. CHARLENE ACARICIOU O CABO DO REVÓLVER CUJO O CANO LHE ROÇAVA AGORA O CLITÓRIS HÚMIDO, ERA EM PAUL QUE AGORA PENSAVA E NAS SUAS NÁDEGAS CANSADAS. O FILHO DA PUTA ENTREGARA OS PONTOS. DOIS DIAS ANTES OS CHUIS HAVIAM ABATIDO PAUL QUANDO ESTE REAGIRA A UMA ORDEM DE PARAR, LEVANDO MESMO A MÃO RÁPIDA AO BOLSO INTERIOR DA GABARDINE. CHARLENE SENTIA-SE CONFUSAMENTE TRAÍDA E INTOXICADA DE ÓDIO, O SEU OLHAR DE INTENSIDADE OBLÍQUA CHISPAVA. ALÉM DO MAIS ERA POETA E NÃO FALAVA A LINGUAGEM ESTAFADA DOS POLÍTICOS. NUMA VELHA MALA DE CROCODILO DE PLÁSTICO VERDE, CHARLENE TRANSPORTAVA UMA AR-15 COM MIRA TELESCÓPICA – O POETA TINHA PINTADO NA PAREDE – HISTOIRE, JUSTICE, POUVOIR: À BAS! – ELA ACENDEU UM CIGARRO, BEBEU UM TRAGO DO FRASCO DE VODKA QUE SEMPRE TRANSPORTAVA NUM DOS BOLSOS LATERAIS DAS CALÇAS MILITARES, NEGRAS. O RETRATO DE PAUL VEIO EM FRAGMENTOS, ENSOPADO EM VODKA, GRUDADO ÀS MÃOS DE CHARLENE E AO FRASCO. DOEU-LHE O BRAÇO – DESDE DE BRUXELAS LHE DOIA O BRAÇO – DESCEU AS ESCADAS CORRENDO, AO ATINGIR A RUA OLHOU UM E O OUTRO LADO, PARA FRENTE E PARA CIMA E DEPOIS COLOCOU O BONÉ NEGRO COM A ABA DESCIDA SOBRE OS OLHOS, A VINTE METROS, ESTACIONAVA UM VELHO FORD COR DE LARANJA. ELA ENTROU ATIRANDO A MALA DE CROCODILO PARA O ACENTO TRASEIRO DEPOIS, RÁPIDA E EFICAZ, FEZ UMA LIGAÇÃO DIRETA E COM O CARRO JÁ EM MOVIMENTO LIGOU O RÁDIO; EM FM NÃO FALAVAM DA VISITA DO PRESIDENTE, EM AM TAMPOUCO – O PRESIDENTE DESLOCAR-SE-IA ESSA TARDE A ASSOCIAÇÃO PARISIENSE DOS HOMENS DE RAZÃO – CHARLENE ROLOU RÁPIDA PELAS RUAS E UMA CHUVA MIUDINHA OBRIGOU-A A CONECTAR OS LIMPA PARA-BRISAS. FLOP FLOP FLOP – ELA AMAVA A CHUVA MIUDINHA. MESES ANTES, INFECTARA-SE COM UMA VÍRUS QUE LHE APAGAVA GRADUAL E INTERMITENTEMENTE OS REGISTROS DE MEMÓRIA.
O VÍRUS – RETROALFA – VIVE NUM SUB-FUNGO QUE SE INSTALOU EM UNIDADES DE UM NOVO PRODUTO PSICODÉLICO DE SÍNTESE. A SUA TRANSMISSÃO NÃO SE DÁ PELO SEXO NEM PELO SANGUE, MAS PELAS ONDAS CEREBRAIS DAS PESSOAS QUE INGEREM O F23 INFECTADO. À MEDIDA QUE O VÍRUS PROGREDIA ARTHUR RIMBAUD INSTALAVA-SE. MAS PODERIA TER SIDO UM OUTRO. E O CLITÓRIS DE CHARLENE AUMENTAVA DE TAMANHO E UM VOLUME E UMA PENUGEM VERDE SURGIA NA SUA NUCA À RAIZ DOS CABELOS. FOI DEPOIS DO VÍRUS TER INVADIDO OS SEUS SISTEMAS QUE CHARLENE COMPROU A AR-15 DE UM TRAFICANTE DE ARMAS DA GEORGIA, UM TIPO ENORME E REPULSIVO. ELA PAGOU E APONTOU-LHE A ESPINGARDA À CABEÇA, AMARROU-O À CAMA, DEU-LHE UMA FODA RÁPIDA E, ENFIANDO-LHE A AR-15 NO CÚ, DISPAROU DIZENDO NO SEU TOM DE CALMA RAIVOSA – LE JEUNE RIMBAUD AIME LES CULS ET IL EN A MARRE DE LITÉRATURE... – SUPÕE-SE QUE OS INTESTINOS, COM TODA MERDA EXPLODINDO, SAIRAM PELA BOCA DE IVAN GREGOROVICH, O TRAFICANTE. CHARLENE QUE ERA VEGETARIANA, AINDA LHE ROUBOU OS ENORMES SAPATOS DE LAGARTO E RECUPEROU O SEU DINHEIRO. PODERIA TER LEVADO TAMBÉM O RESTO DO ESTOQUE BÉLICO DE IVAN, NO ENTANTO POR ESSA ÉPOCA TINHA SÓ 19 ANOS, MAIS JÁ ERA – VOLVERA-SE POETA E IA ACABAR DE VEZ COM A LITERATURA, COM O DESPUDOR DO COMÉRCIO BURGUÊS DAS PALAVRAS. DIAS ANTES O POETA ESCREVERA UMA CARTA QUE DENOMINARA CARTA Nº3:
CHARLENE VERIFICOU AS BALAS NO TAMBOR DO REVÓLVER. O SEU OLHAR ERA VÍTIMA DE UMA LANGUIDEZ VAGABUNDA E SENSUAL, COM ALGO DE DESESPERO À MISTURA. EXISTIAM FORA DA LEI – ELA E SEU OLHAR... – ERA DOMINGO E CHARLENE INTERNET MATARIA O PRESIDENTE. OS PAIS DE CHARLENE ERAM JUNKIES – O PAI ESTAVA EM FRESNES NO XADREZ E A MÃE HÁ MUITO QUE SAÍRA PARA COMPRAR PÓ E NÃO VOLTARA – AOS DOZE ANOS CHARLENE ESTAVA NA RUA LUTANDO POR TERRITÓRIO. AGORA, COM DEZENOVE, PARTILHAVA UMAS ÁGUAS-FURTADAS NA GOUTE D'OR COM UMA DRAGQUEEN ARGELINA. CHARLENE VIVIA DE PEQUENOS, E COM SORTE, MÉDIOS ROUBOS, E DAS DROGAS QUE EVENTUALMENTE VENDIA. ERA DURA. COLOCOU A ARMA ABJECTA E NIQUELADA NO CÓS DAS CALÇAS E SENTIU-SE COM UM TESÃO DE DOMINGO DE PÁSCOA. DEPOIS, COM UMA GINGA ANDRÓGINA, SACUDIU A CABEÇA EM FRENTE AO ESPELHO, AS IMENSAS PESTANAS NEGRAS VELANDO O PERIGO – IMINENTE, ELA COM O OUTRO, RESOLVERA ABANDONAR A LITERATURA AOS DEZENOVE ANOS. O JOVEM ARTHUR RIMBAUD PENSOU – JE EST UN AUTRE – DERVIXE, DANÇOU NA LUZ. OLHOU COM TERNURA O RAPAZ DEITADO DE BRUÇOS NA CAMA, AS COSTAS COBERTAS DE CICATRIZES, A.R AMOU-LHAS. CHARLENE ACARICIOU O CABO DO REVÓLVER CUJO O CANO LHE ROÇAVA AGORA O CLITÓRIS HÚMIDO, ERA EM PAUL QUE AGORA PENSAVA E NAS SUAS NÁDEGAS CANSADAS. O FILHO DA PUTA ENTREGARA OS PONTOS. DOIS DIAS ANTES OS CHUIS HAVIAM ABATIDO PAUL QUANDO ESTE REAGIRA A UMA ORDEM DE PARAR, LEVANDO MESMO A MÃO RÁPIDA AO BOLSO INTERIOR DA GABARDINE. CHARLENE SENTIA-SE CONFUSAMENTE TRAÍDA E INTOXICADA DE ÓDIO, O SEU OLHAR DE INTENSIDADE OBLÍQUA CHISPAVA. ALÉM DO MAIS ERA POETA E NÃO FALAVA A LINGUAGEM ESTAFADA DOS POLÍTICOS. NUMA VELHA MALA DE CROCODILO DE PLÁSTICO VERDE, CHARLENE TRANSPORTAVA UMA AR-15 COM MIRA TELESCÓPICA – O POETA TINHA PINTADO NA PAREDE – HISTOIRE, JUSTICE, POUVOIR: À BAS! – ELA ACENDEU UM CIGARRO, BEBEU UM TRAGO DO FRASCO DE VODKA QUE SEMPRE TRANSPORTAVA NUM DOS BOLSOS LATERAIS DAS CALÇAS MILITARES, NEGRAS. O RETRATO DE PAUL VEIO EM FRAGMENTOS, ENSOPADO EM VODKA, GRUDADO ÀS MÃOS DE CHARLENE E AO FRASCO. DOEU-LHE O BRAÇO – DESDE DE BRUXELAS LHE DOIA O BRAÇO – DESCEU AS ESCADAS CORRENDO, AO ATINGIR A RUA OLHOU UM E O OUTRO LADO, PARA FRENTE E PARA CIMA E DEPOIS COLOCOU O BONÉ NEGRO COM A ABA DESCIDA SOBRE OS OLHOS, A VINTE METROS, ESTACIONAVA UM VELHO FORD COR DE LARANJA. ELA ENTROU ATIRANDO A MALA DE CROCODILO PARA O ACENTO TRASEIRO DEPOIS, RÁPIDA E EFICAZ, FEZ UMA LIGAÇÃO DIRETA E COM O CARRO JÁ EM MOVIMENTO LIGOU O RÁDIO; EM FM NÃO FALAVAM DA VISITA DO PRESIDENTE, EM AM TAMPOUCO – O PRESIDENTE DESLOCAR-SE-IA ESSA TARDE A ASSOCIAÇÃO PARISIENSE DOS HOMENS DE RAZÃO – CHARLENE ROLOU RÁPIDA PELAS RUAS E UMA CHUVA MIUDINHA OBRIGOU-A A CONECTAR OS LIMPA PARA-BRISAS. FLOP FLOP FLOP – ELA AMAVA A CHUVA MIUDINHA. MESES ANTES, INFECTARA-SE COM UMA VÍRUS QUE LHE APAGAVA GRADUAL E INTERMITENTEMENTE OS REGISTROS DE MEMÓRIA.
O VÍRUS – RETROALFA – VIVE NUM SUB-FUNGO QUE SE INSTALOU EM UNIDADES DE UM NOVO PRODUTO PSICODÉLICO DE SÍNTESE. A SUA TRANSMISSÃO NÃO SE DÁ PELO SEXO NEM PELO SANGUE, MAS PELAS ONDAS CEREBRAIS DAS PESSOAS QUE INGEREM O F23 INFECTADO. À MEDIDA QUE O VÍRUS PROGREDIA ARTHUR RIMBAUD INSTALAVA-SE. MAS PODERIA TER SIDO UM OUTRO. E O CLITÓRIS DE CHARLENE AUMENTAVA DE TAMANHO E UM VOLUME E UMA PENUGEM VERDE SURGIA NA SUA NUCA À RAIZ DOS CABELOS. FOI DEPOIS DO VÍRUS TER INVADIDO OS SEUS SISTEMAS QUE CHARLENE COMPROU A AR-15 DE UM TRAFICANTE DE ARMAS DA GEORGIA, UM TIPO ENORME E REPULSIVO. ELA PAGOU E APONTOU-LHE A ESPINGARDA À CABEÇA, AMARROU-O À CAMA, DEU-LHE UMA FODA RÁPIDA E, ENFIANDO-LHE A AR-15 NO CÚ, DISPAROU DIZENDO NO SEU TOM DE CALMA RAIVOSA – LE JEUNE RIMBAUD AIME LES CULS ET IL EN A MARRE DE LITÉRATURE... – SUPÕE-SE QUE OS INTESTINOS, COM TODA MERDA EXPLODINDO, SAIRAM PELA BOCA DE IVAN GREGOROVICH, O TRAFICANTE. CHARLENE QUE ERA VEGETARIANA, AINDA LHE ROUBOU OS ENORMES SAPATOS DE LAGARTO E RECUPEROU O SEU DINHEIRO. PODERIA TER LEVADO TAMBÉM O RESTO DO ESTOQUE BÉLICO DE IVAN, NO ENTANTO POR ESSA ÉPOCA TINHA SÓ 19 ANOS, MAIS JÁ ERA – VOLVERA-SE POETA E IA ACABAR DE VEZ COM A LITERATURA, COM O DESPUDOR DO COMÉRCIO BURGUÊS DAS PALAVRAS. DIAS ANTES O POETA ESCREVERA UMA CARTA QUE DENOMINARA CARTA Nº3:
"QUERIDO PAUL , ENQUANTO O ÚTERO DA MAMÃ APODRECE EM CHARLEVILLE, EU REINICIO A MINHA NOVICIATURA AQUI EM PARIS E EVENTUALMENTE N'ALGUM PLANETA AINDA POR INVENTAR. VOU-TE FALAR ENTÃO, UM POUCO, DISSO A QUE CHAMO A MINHA NOVICIATURA; NÃO ME LAVO A SÉCULOS, E O ESPELHO DO TOILETTE EXERCE OUTRAS FUNÇÕES, DESDE HÁ MUITO, POR SOBRE A MESA À QUAL ME SENTO PARA ESCREVER; TENHO O TELEFONE CORTADO E ESTOU A DEVER A TODA GENTE – INCLUSIVE AOS TIPOS QUE ME VENDEM AS DROGAS. OS VIZNHOS DO LADO TEMEM A MINHA PRESENÇA, MOVIDOS TALVEZ POR ALGUMA SINISTRA SUPERSTIÇÃO... PORQUE COMO TU DEVES SABER EU CONTINUO A VIVER ÀS EXPENSAS DOS MEUS AMIGOS E DORMINDO NOS SEUS SOFÁS. E O POETA VESTE-SE DE FOGO, MAIS ISSO NEM ELES - NEM TU PODEIS SABER PORQUE SOIS CEGOS DE TODOS OS SENTIDOS, NA VERDADE EU JÁ NEM EXISTO, MAS SÓ O FOGO, ALÉM DO MAIS NÃO ME VOU CONVERTER NUM PENSIONISTA DA ILUMINAÇÃO; JÁ NÃO POSSO SER COMPRADO, CORROMPIDO – HÁ MUITO QUE O FUI, DAÍ A MINHA INOCÊNCIA... ESTOU PRÓXIMO À IDIOTIA, NAVEGANDO NUM LIMBO, IRMÃO DA TARÂNTULA E DA MULHER E DO HOMEM, DA SERPENTE E DO CONDOR E DO RATO, POSSUÍDO PELA AUSÊNCIA DA MENTIRA, ENFIM POETA!" /////A CARTA ACONTECERA POUCO DEPOIS DA TOMADA DE POSSE DE A.R ATRAVÉS DA FREQUÊNCIA VIRAL; TRÊS DIAS DEPOIS CHARLENE INTERNET ADQUIRIU A AR-15 E COMEÇOU A DESPREENDER DAS AXILAS UM CHEIRO FORTE E HERMAFRODITA, SIMULTANEAMENTE ANIMAL. O VÍRUS É RÁPIDO. VIVEMOS NUM MUNDO EM QUE TUDO TENDE A SE ACELERAR. MAIS ADIANTE A CARTA DO POETA PROSSEGUIA: ...–––"PAUL, O CRISTIANISMO DEVOROU AS TUAS NÁDEGAS E O TEU OLHAR PERDEU O BRILHO E A OBLIQÜIDADE PARA SE TORNAR BOVINO, TU E TODOS OS OUTROS ESTAI-VOS A TORNAR BOVINOS E FLATULENTOS. A MERDA PELO MENOS É MAIS VERDADEIRA QUE O PEIDO; O PEIDO É INTRIGUISTA – E TU, E OS QUE, SE DIZENDO POETAS, SEGUÍS CAMINHOS DIVERSOS DOS DA POESIA, PEIDAIS O TEMPO TODO E É SÓ PARA ISSO QUE VOSSOS CÚS SERVEM. MAIS JÁ MORREREIS LENTAMENTE, ENVENENADOS PELA MERDA QUE VOS PROIBIS DE CAGAR. EU VIVO O PECADO SEM CULPA PORQUE O AMOR ME ABSOLVE – O AMOR E O MEU ESTADO DE POETA – E ISTO APESAR DA MISÉRIA DA MINHA CONDIÇÃO HUMANA E DA ESCRAVATURA A QUE A LUZ ME SUJEITA ... •••••" DOEU-LHE O BRAÇO, DESDE O TIRO QUE NÃO ESCREVIA, E ESTA CARTA ERA COMO QUE UMA BALA NA LITERATURA. E NADA DISTO FAZIA SENTIDO, JÁ QUE PAUL TINHA SIDO UM TRAFICANTE DE DROGAS DE ÚLTIMA GERAÇÃO E UM FILHO DA PUTA SEMI-ANALFABETO, ORA TERNO ORA BRUTAL. CHARLENE ADORAVA FODER COM PAUL, MAS AGORA ELE ESTAVA MORTO E ENTERRADO, NO PÉRE LACHAISE, NA SEÇÃO DOS MISERÁVEIS DE ÚLTIMA GERAÇÃO...
CHARLENE ESTACIONOU DO LADO OPOSTO AO DA ASSOCIAÇÃO, A UNS SESSENTA METROS DA PORTA POR ONDE O PRESIDENTE NÃO CHEGARIA A ENTRAR – E ISTO, SEGUNDO AS MALÉVOLAS INTENÇÕES DO POETA. CHARLENE OLHOU O RELÓGIO QUE ROUBARÁ DE UM CIDADÃO NO MÊTRO. EM SEIS MINUTOS ELE CHEGARIA – O PRESIDENTE. RÁPIDA COMO O SEU TEMPO, ELA RETIROU A AR-15 DA MALA VERDE E APLICOU-LHE A MIRA TELESCÓPICA. COMEÇOU O COUNTDOWN COM UMA ADRENALINA DE ASTRONAUTA, BAIXOU AINDA MAIS A PALA DO BONÉ E DEIXOU DE RESPIRAR... QUASE... A PEQUENA COMITIVA CHEGOU, E O PRESIDENTE, SAUDADO POR UM FLIC COM UNIFORME DE GALA, SAIU DA LIMOUSINE. ERA UM HOMEM GORDO, DE CALÇA LUZIDIA, VESTIDO DE GRIS E A MULHER JOVEM E ELEGANTE QUE O SEGUIA SORRINDO – AS SUAS MÃOS ROÇAVAM-SE – PARECIA ORGULHOSA DELE. COM A MIRA TELESCÓPICA CHARLENE FOCOU ENTÃO A MULHER E NOTOU NELA COMO QUE UMA RESIDUAL SENSUALIDADE, O PRESIDENTE DA ACADEMIA TINHA SETENTA ANOS – CHARLENE SABIA-O PELOS JORNAIS. TEVE PENA DE TAL MULHER E IMAGINOU O QUE PODERIA SER O SEXO ENTRE ELA E O SEU PODEROSO AMANTE... COMO É QUE ELA COMPENSARIA ISSO, COM QUANTAS E QUÃO MALDITAS CRIATURAS ELA SE VINGARIA DO ASQUEROSO PAQUIDERME. TALVEZ ATÉ PAUL COM ELA TIVESSE FODIDO. CHARLENE ACHOU QUE ELA ERA UMA MULHER QUE JÁ SÓ FODIA POR VINGANÇA, ALÉM DO MAIS POSSUIA JÓIAS CERTAMENTE VERDADEIRAS E CARAS. POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, NINGUÉM ATÉ ENTÃO NOTARA CHARLENE COM A ESPINGARDA AO OMBRO. A RUA ESTAVA VAZIA – UM VAZIO DE DOMINGO – AS ATENÇÕES DA PEQUENA COMITIVA TODAS SE CONCENTRAVAM NA FIGURA DO PRESIDENTE QUE SE ENCAMINHAVA PELA ENTRADA DA ASSOCIAÇÃO PARISIENSE DOS HOMENS DE RAZÃO; CHARLENE FOCOU-O AGORA, PREMIU O GATILHO VÁRIAS VEZES E A CABEÇA DO PRESIDENTE DA ACADEMIA DESFEZ-SE! A MULHER AO SEU LADO, ESTRIÓNICA, TENTAVA CONTER-LHE O CÉREBRO TRANSBORDANTE COM AS MÃOS DE UNHAS GRANDES E PINTADAS DE RUBRO. ENQUANTO ISSO O POETA NÃO LARGOU O GATILHO, FEBRIL, E OS POLICIAIS SACAVAM AS ARMAS E, PROTEGIDOS PELOS AUTOMÓVEIS DA COMITIVA PRESIDENCIAL, COMEÇARAM A FUZILAR O ASSASSINO NO SEU CARRO COR DE LARANJA. CHARLENE LARGOU O FUZIL E COM A MÃO ESQUERDA EMPUNHOU O REVÓLVER QUE TRAZIA NA CINTURA, COM A DIREITA CONCENTROU-SE AO VOLANTE E DO OUTRO LADO DA RUA, TODAS AQUELAS PESSOAS RICAS E PODEROSAS, DEITADAS NO CHÃO, CAGAVAM-SE FINALMENTE NAS CALÇAS E PEIDAVAM PELA BOCA. O PRESIDENTE (TAMBÉM ELE) SE CAGARA – O MEDO FEZ O SERVIÇO ANTES DAS BALAS...••• SUBITAMENTE, NO PESCOÇO DE CHARLENE ABRIU-SE UMA FLOR ESCURA E TERMINAL; O POETA TEVE AINDA TEMPO PARA SORRIR – COM UMA INDEFECTÍVEL MALÍCIA NO OLHO RAPINANTE – ERAM NO ENTANTO DOCES OS SEUS LÁBIOS E DOCE O RICTUS NELES, MAS LOGO DEPOIS DOEU-LHE, DESTA VEZ, A PERNA E QUANDO O SANGUE GORGULEJANTE LHE TINGIU O BUÇO MAÇIO E ESCURO, PRONUNCIOU UM ININTELIGÍVEL POEMA... DE UMA SÓ PALAVRA, MAIS TARDE APARECEU PINTADO NUMA PAREDE DAQUELA MESMA RUA, UM GRAFITTI CUJA A TINTA PODERIA TAMBÉM ELA SER SANGUE E QUE DIZIA: – CES'T LE TEMPS DES ASSASSINS. – A CARTA TERMINAVA ASSIM: ••• "... E SABES, NÃO QUERO POSSUIR NADA, NEGOCIAR COM NADA, E TAMPOUCO ESCREVER MAIS, NA MORTE DEVE-SE ESTAR À MESA DA VIDA SEM CONDESCENDER COM COISA NENHUMA – A NÃO SER COM A ETERNIDADE. NÃO NOS ENCONTRAREMOS NO INFERNO JÁ QUE TU CERTAMENTE IRÁS PARA O CÉU... , NÃO VOU PORTANTO DIZER-TE AU REVOIR. A.R"
DURANTE A AUTÓPSIA, O MÉDICO LEGISTA NÃO DEIXOU DE REGISTRAR AS DIMENSÕES DO CLITÓRIS DE CHARLENE. NOS JORNAIS DISSE-SE QUE – "... JOVEM ANTI-SOCIAL, DE SEXO INDEFINIDO ..." – ASSASSINARA O PRESIDENTE DA ACADEMIA, MAS FORA ABATIDO(A) PELA POLÍCIA.
NENHUMA PALAVRA ACERCA DO POETA; NO ENTANTO, PELAS RUAS DAS URBES DO PLANETA, A EPIDEMIA ALASTRA.
IDEOLOGIA SAQUEADA EM 20/03/2011, OU MENOS PRECISAMENTE EM 3016 DA ERA DAC, POR SCHELETRO DIVO.
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