27/10/2010





TRAGÉDIAS HUMANAS
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Não é de modo algum difícil perceber os sinais da decadência humana, que adquirem hoje as formas mais grotescas, obrigadas a se exteriorizarem pela força irresistível do Juízo Final.
Observe-se, por exemplo, a chamada arte moderna ou contemporânea. Nas exposições desse tipo de arte muitos se quedam profundamente compenetrados na frente de quadros que mostram apenas rabiscos e manchas coloridas, tentando compreender a "mensagem" que o pintor quis transmitir, ou, o que é mais comum, dando-se ares de entendidos no assunto e emitindo opiniões.
A forma e a figura do ser humano se desagregam; pela magia de uma operação diabólica, os traços se decompõem, os olhos, a boca, o nariz, a testa as orelhas rompem sua aliança milenar e se dispersam ao acaso num espaço aberrante em que não se reconhecem mais os contornos familiares. As cores são afetadas por uma exasperação maníaca, ou por vezes por uma pustulência cadavérica. Estas ruínas de sentido, estes restos de humanidade se perderam por sua vez e se vêem aparecer telas cheias de formas geométricas, de manchas coloridas, dispersas ao acaso sobre uma superfície onde mais nada de humano persiste, onde nenhuma vontade inteligível se deixa ler. A arte, que foi celebração e comemoração da realidade humana, apaga-se na negação desta realidade, deserto de significação em que nada mais merece ser posto em destaque. Os visitantes desfilam gravemente diante dessas telas; ninguém protesta, ninguém se encoleriza. Talvez viessem a este lugar impelidos apenas pelo esnobismo e pela tolice que admira sem compreender. Mas talvez sintam obscuramente que estão aqui confrontados com o atestado irrefutável de sua própria negação."As exposições modernas, ou as montagens feitas sob essa denominação, são precisamente aquilo que expressam: lixo. Com que outra palavra se denominaria então um pedaço de carne em putrefação exposta numa redoma de vidro? Ou um amontoado disforme de pedaços de metal encontrados no lixo? Ou então uma vaca e seu bezerro partidos em dois e conservados em formol num tanque de vidro? Ou ainda um cinzeiro de plástico de 2,5 m de diâmetro repleto de pontas de cigarro, cinzas e caixas de cigarro vazias?
E a música? Melhor dizendo: o ruído estridente a que se chama hoje de música? Dos grandes compositores, 8 nasceram no século XVIII e 22 no século XIX. O século XX não viu nascer nenhum grande compositor. 
Música verdadeira não pode surgir sob o domínio irrestrito do raciocínio.
Como que sepultando de vez qualquer esperança nesse sentido, a segunda metade do século viu nascer um bate-estaca musical chamado "rock", submetido ele próprio, como tudo o mais, também a uma degradação contínua ao longo do tempo (quem julgaria possível?), conforme se depreende dos qualificativos que foi recebendo: "leve", "progressivo", "pauleira", "heavy metal" (metal pesado), "trash metal" (metal lixo), "death metal" (metal morte). Poucas cenas espelham de modo tão claro a decadência da juventude como as observadas nos festivais de rock. Milhares de jovens, muitos drogados, pulando em êxtase sob o ruído ensurdecedor de guitarras e outras parafernálias estridentes, "tocadas" por figuras que pouco lembram a silhueta de um ser humano. Uma dessas populares bandas de rock esclareceu aos seus admiradores que "tomar drogas é tão normal quanto beber uma xícara de chá… "Para emoldurar condignamente toda essa podridão surgiu recentemente um movimento de nome bastante apropriado: a cultura "trash" (lixo), que angaria cada vez mais adeptos entre jovens e adultos desses nossos dias. Esse movimento glorifica tudo o que até a pouco ainda era reconhecido como ruim; a finalidade é justamente tornar explícitos a boçalidade, a idiotice e o grotesco. E a repercussão é realmente muito boa, excelente mesmo, como não poderia deixar de ser nesses anos finais da decadência humana.
Assim se apresenta a humanidade agora, na derradeira fase do Juízo Final. Todo o falso atuar humano cresce agora ainda mais sob a irradiação do Juízo, e se mostra sob as mais extravagantes formas, mesclando-se ainda continuamente com acontecimentos terríveis, retornos da própria má vontade humana anterior. O resultado é um caos enorme, imerso na imundície, sem paralelo na história da humanidade.
A respeito das coisas que o seres humanos da época atual ainda se apegam, que eles julgam importantes: "Resta a paixão multitudinária pelo futebol, pelo rock, pelas corridas de automóvel, talvez pelos direitos das minorias, principalmente das minorias étnicas. Nada mais consegue empolgar a alma desmotivada do homem oco no terreno baldio deste século cor de cinza."
É, sim, necessário conhecer a que ponto o mundo já chegou em seu descalabro auto-sustentado, ou melhor, é necessário reconhecer esta situação, para podermos agir então de tal modo que nos tornemos dignos de ser preservados da destruição completa de todo o mal que se avizinha.
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