29/11/2009

SartOr ReSartuS

"Os homens e mulheres que me rodeavam,
embora falando comigo, não passavam de Figuras;
eu tinha praticamente esquecido que eles estavam vivos, que não eram simples autômatos.
A amizade era apenas uma incrível tradição.
No meio de suas ruas apinhadas e de suas reuniões, eu caminhava solitário;
eu era bravio qual tigre na selva, embora fosse minha própria carne,
e não a do próximo,
que eu devorava ...


Para mim, o Universo estava inteiramente vazio de Vida,
de finalidade, de volição, até de hostilidade;
não passava de uma máquina a vapor imensa e inteiramente improdutiva,
avançando,
em sua completa indiferença,
para esmagar-me,
membro após membro ...

Inteiramente sem esperança,
tampouco sentia eu um medo definido,
fosse ele ao Homem ou ao Demo.

E, no entanto, por estranho que pareça,
vivia em contínuo, indefinido e lânguido pavor;
trêmulo, pusilânime,
apreensivo sem saber por quê;
parecia que todas as coisas
– do Céu e da Terra –
iriam fazer-me mal;
era como se o Céu e a Terra não passassem de imensas mandíbulas de um monstro devorador,
enquanto eu,
em agonia,
esperava ser por elas esmagado."
[Carlyle]
Como podemos ver no texto acima,
o Infinito é apreendido sob a forma do Sistema,
da 'imensa Máquina a Vapor'.
Tudo era importante, mas negativamente importante,
de modo que cada acontecimento era inteiramente desorientador;
cada objeto, intensamente irreal;
cada ser humano, prenhe de volição,
era considerado um boneco mecânico,
movendo-se grotescamente para o trabalho e as distrações,
amando, odiando, pensando,
sendo eloqüente,
heróico, santo ou o que mais se pudesse querer,
mesmo porque os autômatos
nada valem
se não forem versáteis.

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